Televisão (do grego tele - distante e do latim visione - visão) é um sistema electrónico de reprodução de imagens e som de forma instantânea. Voltando de novo a um assunto abordado em artigo anterior, a invenção da televisão, deve-se em grande parte a cientistas, visionários e homens de ideias muito avançadas do séc. XIX. Exemplo do professor Adriano de Paiva (1847-1907), já referido anteriormente, como tendo sido o impulsionador do desenvolvimento deste fenómeno em 1880. Mas, Adriano de Paiva viu-se superado por conjunturas favoráveis a outros inventores estrangeiros do seu tempo, tudo por falta de apoios e displicência com que, entre nós, se encarava e encara ainda hoje a criatividade. Colhendo no entanto, reconhecimento por parte de alguns estudiosos, pelo seu trabalho pioneiro, que o tempo se encarregaria de provar que não podem mesmo ser dissociados. Já nos últimos anos do século XIX, mais propriamente em 1884, o cientista alemão Paul Nipkow (1860-1940), fez o registo da patente de um sistema mecânico de varrimento, ou leitura, de imagem, o qual recorria, no lado da captação, a um disco rotativo que dispunha de uma série de furos dispostos em espiral, por detrás de cada furo era colocada uma célula fotoeléctrica de reduzidas dimensões, cuja missão era converter a luz que banhava uma dada área do disco, numa determinada corrente eléctrica (principio enunciado pelo português Adriano de Paiva). Com isto, a imagem do objecto captada, podia subdividir-se em pequenos elementos que, uma vez agrupados, formavam uma imagem. Do lado da reprodução recorria-se a um disco rotativo idêntico ao da captação, o qual rodava no mesmo sentido e à mesma velocidade deste, sendo o mesmo colocado na parte frontal de uma lâmpada de néon, cuja intensidade luminosa variava de um modo semelhante às variações apresentadas pelo sinal eléctrico recebido. Tratava-se, pois, de um sistema mecânico, na verdade o primeiro a ter existência prática, que viria a progredir e a conhecer derivativos graças ao trabalho de outros cientistas como Heinrich Hertz, depois com Lazare Weiller, que recorre também ao uso do selénio e Boris Rosing, que, em 1907 (ano em que a palavra "televisão", começa a aparecer em dicionários e enciclopédias), se propôs a utilizar para a emissão e recepção do sinal eléctrico, um tubo de raios catódicos, vindo a obter algumas imagens esbatidas. A ideia era simples, mas de difícil concretização, dado aos materiais disponíveis à data, teve que se aguardar pelos resultados dos estudos científicos entretanto levados a efeito.
Adriano de Paiva Brandão (1847-1909) (arq. priv.)
Esquema principio de montagem feito por Adriano de Paiva (arq. priv.)
Publicação de Adriano de Paiva de 1880 (arq. priv.)
Paul Nipkow (1860-1940) (arq. priv.)
Modelo do disco de Nipkow (arq. pess.)
Diagrama de transmissão sequencial usando o disco de Nipkow (arq. pess.)
Disco de Nipkow (col.do Tekniska_Museet Estocolm)
Em Londres, o escocês John Logie Baird (1888-1946), de 34 anos, até então inventor de uma série de inutilidades, retoma a ideia de Nipkow e parte para o aperfeiçoamento da análise mecânica das imagens. Recorre a inúmeras experiências, com poucos meios financeiros. Desenvolve e inventa um sistema que era composto por um disco giratório perfurado igual ao de Nipkow, no qual luzes de néon se acendiam por detrás; respondendo ao sinal que capturava as imagens através de um disco idêntico. Na sua primeira experiência, a imagem de uma cara de um boneco em cartão a piscar um olho, foi, por obra e graça da máquina inventada por ele, varrida em 30 linhas, formando-se cinco imagens completas num segundo. Convidado a demonstrar o seu invento na Academia de Ciências Britânica, perante membros da Royal Institution e um jornalista do The Times. Só restava a partir daquele momento uma exploração intensiva e esse é o passo seguinte, fundando a sua própria Companhia em 1927, a Baird Television Development Company Ltd (BTDC). Em 1929, Baird conseguiu convencer a British Broadcasting Corporation (BBC) a usar o seu sistema, utilizando para o efeito o emissor de rádio de Onda Média, que emitia para região de Londres, fora das horas normais da programação. As emissões experimentais de televisão da BBC começaram a 30 de setembro de 1929, (meia hora por dia, 5 dias por semana), sendo emitido em simultâneo imagem e som. Os programas eram realizados nos estúdios londrinos de Long Acre e estação regional de Londres instalada em Brookmans Park. Fizeram parte dessas primeiras emissões, a peça teatral de Pirandello, "O Homem com uma Flor na Boca", em que se empenharam artistas e técnicos como nunca até então. Apesar da fraca definição do sistema (30 linhas), que agradou a engenheiros mas não aos espectadores que, frequentando lugares públicos com receptores de televisão, exigiam maior qualidade. O fenómeno da televisão em Portugal, remonta aos anos 20 do século XX, quando um grupo de futuros engenheiros, rádioamadores, de Lisboa, interessados pelas experiências que Baird, realizava por essa altura em Inglaterra, decidiram construir um disco de Nipkow e terão conseguido ver umas fugazes imagens animadas, silhuetas, que se mantiveram apenas por alguns instantes.
John Logie Baird (1888-1946) (arq. priv.)
John Baird em experiências no seu laboratório
utilizando o disco de Nipkow (arq. priv.)
John Baird demonstrando o seu aparato na Academia de Ciências
(arq. priv.)
Protótipo de câmara de TV mecânica de Baird (col. priv.)
Publicação da época alusiva ao invento de Jonh logie Baird (col. pess.)
Diagrama do sistema de televisão mecânica de Baird (arq. pess.)
John Baird demonstrando o seu invento utilizando o disco de Nipkow
(arq. priv.)
John Baird com uma das suas primeiras câmaras
fazendo experiências em exterior (arq. priv.)
Logotipo de apresentação da Companhia de Baird (arq. priv.)
Exemplo de imagem que terá sido vista em meados dos anos 20
por rádioamadores em Portugal (arq. priv.)
A construção dos receptores destas emissões e a sua comercialização, foi levada a cabo pela empresa então criada por Baird, tendo baptizado esses aparelhos de "TELEVISORES", que respondendo ao sinal de uma estação de rádio que capturava as imagens através de um disco idêntico. Os ruídos provocados pelo aparelho dificultavam a emissão sonora, mas mesmo assim foi o primeiro aparelho a reproduzir imagens em movimento com 30 linhas de resolução. Mais tarde, um sistema electrónico completo foi demonstrado por John Logie Baird e Philo Taylor Farnsworth (1906-1971), em 1927. O primeiro serviço analógico de TV nos USA, foi a WGY em Schenectady em Nova Iorque, inaugurado em 11 de maio de 1928, apenas três dias por semana, podendo ser vista na primeira transmissão de exterior, desde Albany, um discurso do governador do estado de Nova Iorque e uma peça de teatro "O Mensageiro da Rainha", primeira aliás a ser produzida no mundo pela televisão. Os primeiros aparelhos de televisão eram rádios com um dispositivo que consistia num tubo de néon com um disco giratório mecânico (disco de Nipkow), que produzia uma imagem vermelha do tamanho de um selo postal. Esta passaria naturalmente, por equipamentos de captação de imagem mais aperfeiçoados, sendo reduzido o número de linhas aumentando sucessivamente para 60, 90, 120 e 180, assim como emissores de mais alta frequência de (VHF), porque ao aumentar o número de linhas, aumenta a quantidade de informação e por consequência a necessidade de uma banda radioeléctrica maior. Em França também um cientista, Henri de France (1911-1986), dava os primeiros passos com a difusão de imagem através da Rádio Normandia, chegando mesmo a experimentar, com êxito, uma ligação Toulouse-Havre, já com um definição primeiro de 38 linhas e maias tarde 60 linhas.
Placa de fabrico de "Televisor" inventado e comercializado por Baird
(col.priv.)
Publicidade ao televisor mecânico de sistema Baird dos anos 20 (col. priv.)
Televisor mecânico do sistema Baird dos anos 20 (col priv.)
Publicação da época alusiva ao funcionamento
do sistema de televisão de Baird (arq. pess)
Philo Taylor Farnsworth (1906-1971) (arq. priv.)
Móvel televisor de Baird dos anos 20 (col. priv.)
Espectador de televisão em Schenectady, Nova Iorque, 14 de janeiro de 1928
(arq Underwood Archives Getty Images)
Receptor de TV mecânico de 1928 modelo "GE Octagon 3 inch TV"
(arq. priv.)
O avanço da televisão mecânica, foi acompanhado, em termos laboratoriais, por algum progresso, embora lento, da televisão electrónica, nomeadamente com a descoberta do tubo de raios catódicos e a sua aplicação aos dispositivos transdutores de luz\corrente eléctrica. É um russo emigrado nos USA após a revolução no seu país, Vladymir Zworykin (1888-1982), que vai encaminhar a televisão para uma etapa decisiva. Nesse período, em 1923, Zworykin descobriu o iconoscópio, invento que utilizava tubos de raios catódicos para a captação de imagem. Em 1927, também Philo Farnsworth descobriu um sistema dissecador de imagens por raios catódicos, mas com nível de resolução não satisfatório. O iconocópio de Zworykin tinha a particularidade de sintetizar todos os progressos anteriores no campo da televisão, ao realizar uma exploração eléctrica das imagens, deixando para traz os antigos dispositivos mecânicos pouco práticos e de grandes limitações. Foi convidado pela Radio Corporation of América (RCA), a encabeçar a equipa que viria a produzir o primeiro tubo de captação de televisão, chamado orticon, que passou a ser produzido em escala industrial a partir de 1945. Em 1931, a National Broadcasting Company (NBC), instalou um emissor no topo do que era até então, o mais alto edifício do mundo, o Empire State Building em Nova Iorque, para as suas primeiras emissões de TV. No ano seguinte, a Columbia Broadcasting System (CBS) transmitia a eleição presidencial de Franklin Roosevelt e de Herbert Hoover. Seria no entanto a NBC que voltaria a dar que falar, ao conseguir a primeira transmissão de imagens vistas por iconoscópio, com 240 linhas de resolução. Mas é no início de 1934 que se vem a obter uma definição de imagem de 343 linhas, sendo já utilizado para este efeito o varrimento alternado de linhas de ordem ímpar e linhas par, o designado varrimento entrelaçado. Ao mesmo tempo em Inglaterra, Isaac Schoenberg (1880-1963), emigrante russo e amigo de infância de Zworykin, desenvolve nos laboratórios da Electric and Musical Industries Ltd (EMI), em Middlesex, um tubo semelhante, sendo denominado emitron, possuindo vantagens sobre o seu rival da RCA e por isso mais número de linhas, 405 linhas.
Vladymir Zworykin (1888-1982) e o seu iconoscópio
(arq. priv.)
Isaac Schoenberg (1880-1963) (arq. priv.)
Tubo de captação de imagem Emitron (col. priv.)
Philo Farnsworth com câmara de televisão de um sistema por si desenvolvido
em meados de 1934 (arq. Corbis Bettman)
Tubo Emitron dos anos 30 (col. priv.)
Vista aérea do Empire State Building em Nova Iorque em 1932 onde a NBC instalou
o seu primeiro emissor de televisão (arq. priv.)
Receptor de televisão de meados dos anos 30 (col. priv.)
Na Alemanha inicia-se a transmissão de televisão em março de 1935 de 180 linhas, assim como em França, onde a primeira emissão oficial acontece a 26 de abril de 1935, passando dois anos mais tarde a difundir regularmente a partir de um emissor montado na Torre Eiffel, vai partir dai a que se considera a primeira transmissão internacional já em elevada definição para o estrangeiro. Entretanto na Alemanha, é feita uma das primeiras grandes transmissões de televisão, foi a dos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936. Deu-se então um enorme impulso no uso da televisão electrónica, uma vez serem estas fundamentais para a cobertura e transmissão dos jogos. Puderam assim os habitantes de Berlim e Lipzig, assistir aos jogos via televisão, em 22 salas públicas para o efeito, denominadas "Fernsehenstuben". Entretanto o sistema electrónico a par com o sistema mecânico de televisão, são autorizados pelo governo Britânico em novembro de 1936, coexistindo durante alguns meses, em semanas alternadas. Criaram-se dois estúdios em Alexandra Palace no norte de Londres, um deles utilizando o novo sistema electrónico da EMI e o outro, uma versão nova do sistema mecânico de Baird. É adotado finalmente em fevereiro de 1937, o sistema de televisão electrónico de 240 linhas desenvolvido pela EMI em Inglaterra, padrão mínimo que os técnicos chamavam de "alta definição", por garantir uma boa qualidade e nitidez. No espaço de três meses o seu sistema oficial já era de 405 linhas. A primeira grande transmissão da BBC, com três câmaras, já neste sistema, é a da coroação do rei George VI em 11 de maio de 1937, para cerca de 50 mil espectadores, fazendo aumentar na população inglesa o interesse por este meio de comunicação.
Logótipo da primeira estação francesa de televisão em 1935 (arq. priv.)
Logótipo da primeira estação alemã de televisão em 1936 (arq. priv.)
Carro de exteriores da televisão alemã
em meados dos anos 30 (arq. priv.)
Hindenburg sobrevoando o estádio dos Jogos Olímpicos de Berlim em1936 (arq. priv.)
Vista aérea do estádio Olímpico de Berlim (arq. Bundesarchiv)
Aspectos de câmaras de televisão e seus operadores,
nos Jogos Olímpicos de Berlim em 1936 (arq. priv.)
Instalações da BBC em Alexandra Palace, 1936 (arq. BBC)
Imagem de TV sistema Baird em meados dos anos 30
(arq. Science & Society Picture Library)
Estúdio da BBC em Alexandra Palaca, 1936 (arq. BBC)
Captação de imagem de um programa de televisão da BBC em 1936 (arq. BBC)
Peça teatral da BBC televisão em meados dos anos 30 (arq. BBC)
Catalogo de televisões da MARCONI/EMI de meados dos anos 30 (col.pess.)
Rei George VI de Inglaterra no dia da sua coroação com a família real em Buckingham Palace (arq. priv.)
Em Portugal, passados anos sobre a experiência levada a cabo por rádio - amadores, que viram as primeiras imagens animadas, é o precursor da radiodifusão nacional, Abílio Nunes dos Santos, na véspera de encerrar o seu posto emissor CT1AA, pensou em montar uma estação de televisão em 1937, mas breve desistiu do projecto alegando à imprensa: "A televisão, é, por enquanto, impraticável para um posto amador. Os conhecimentos técnicos que exige são de tal forma complicados e demandam uma tal soma de capitais para serem postos em prática que pus de parte, absolutamente, essa ideia." No mesmo ano, a França também adopta o sistema electrónico de televisão, mas de 455 linhas, seguindo-se a Alemanha com 441 linhas assim como a Itália, na Rússia a televisão começou a funcionar em 1938. Nos USA, é inaugurado o primeiro serviço público de televisão em Nova Iorque em 1939 pela NBC, usando sistema desenvolvido pela RCA, de 340 linhas por imagem, mas em contrapartida 30 imagens por segundo, só dois anos mais tarde as 525 linhas/30 imagens por segundo. Com o inicio da II Guerra Mundial, no dia 1 de setembro de 1939, apagaram-se as cerca de 25 mil televisões existentes na região de Londres, quando logo pela manhã o centro de emissão de Alexandra Palace, recebeu ordens para interromper de imediato o programa que estava a transmitir, tratava-se de um desenho animado da Disney e o corte abrupto, caiu sobre uma frase premonitória do Rato Mickey; "I think I go home..." (acho que vou para casa). O fenómeno televisivo que estava em franca expansão teve uma pausa forçada, salvo raras excepções.
O precursor da radiodifusão nacional, Abílio Nunes dos Santos
em final dos anos 30 (arq. priv.)
Programa da NBC "Grace and Eddie The_Honeymooners Show" em 1937 (arq. NBC)
Londres sob vigia no inicio da II Guerra Mundial (arq. priv.)
Mesmo durante a II Guerra Mundial a televisão nos USA teve um papel importante, apesar das condicionantes impostas, de sensibilização nacional para o esforço de guerra. Seis estações mantiveram-se em actividade neste período. O uso da televisão aumentou enormemente depois da II Guerra Mundial, devido aos avanços tecnológicos surgidos com as necessidades da guerra e à renda adicional disponível (televisores na década de 1930 custavam o equivalente a 7000 dólares (cerca de 6,321 euros) e havia pouca programação disponível). Numa Europa devastada pela guerra, o fenómeno da televisão era uma necessidade, um sinal de vida, um aceno de ânimo à reconstrução colectiva. No Brasil, a primeira transmissão de televisão deu-se por iniciativa do leopoldinense Olavo Bastos Freire em 28 de setembro de 1948, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. A experiência pioneira aconteceu da sacada do prédio, onde hoje é a Fundação Alfredo Ferreira Lage (Funalfa). Olavo ficou com uma câmara e uma antena e as imagens captadas da Avenida Rio Branco foram transmitidas para uma TV de três polegadas, instalada na Getúlio Vargas, onde funcionava a antiga Casa do Rádio. Só nos anos 50 a televisão no Brasil viria a ser uma realidade, sendo inaugurada a 18 de setembro de 1950 a TV Tupi e mais tarde em 1953 a TV Record, outras se seguiriam. Os USA seriam os principais fornecedores da Europa de tecnologia e programas de TV, enquanto no seu território se defrontava com o problema das frequências que eram em 1948 cerca de 106. Surgem as célebres networks, com dezenas de estações afiliadas as suas redes. Por essa altura os USA tinham cerca de 175 milhões de receptores de TV, passando a atingir poucos anos mais tarde os 21 milhões. Frente a cada vez mais receptores de TV, cada vez mais espectadores, por toda a parte a televisão toma conta do quotidiano dos milhões de pessoas e influenciando de várias formas, passando a integra-la nos seus hábitos de vida. Na Inglaterra as emissões de televisão recomeçaram em 7 de junho de 1946, após grandes obras de restauro e ampliação do centro de Alexandra Palace, ocorrendo anos mais tarde o acontecimento maias marcante da televisão inglesa, foi a 2 de junho de 1953, quando BBC transmitiu utilizando 22 câmaras o desfile da coroação da rainha Isabel II, a que assistiram cerca de 20 milhões de pessoas através de 2 milhões de receptores de TV. A partir de determinado momento a televisão passou a ser uma janela aberta ao Mundo onde estamos inseridos, pois é através dela que importamos tudo o que respeita à informação, ao desporto, ao grande espectáculo, assim como à cultura, à ciência, e até ao próprio comércio (publicidade e televendas). Mas, para além das grandes vantagens trazidas pela televisão, há que contar, também, com os aspectos menos positivos, como a violência, o consumismo, a alimentação, as dietas e a "beautiful life". Pode dizer-se que desta época em diante, a caixa mudará o Mundo.
Câmara de televisão de 1945 (col. priv.)
Modelo de receptor TV PYE de 1947 (col. priv.)
Operador de imagem de TV em 1946 (arq. priv.)
Programa de informação da BBC televisão em finais dos anos 40 (arq. BBC)
Receptores de televisão numa promoção de 1949 (arq. priv.)
Receptor de TV de finais dos anos 40 (col.priv.)
Bastidores da primeira série televisiva do "Sítio do Pica Pau Amarelo"
da TV Tupi, inicio dos anos 50 (foto André Adler)
Operador de imagem da TV Record anos 50 (arq. priv.)
No ano de 1950, já a França possuía uma emissora com definição de 819 linhas, a Inglaterra com 405 linhas, a Rússia com 625 linhas e os Estados Unidos e Japão com 525 linhas. Os Estados Unidos, através da Federal Communications Commission (FCC), órgão regulador da radiodifusão, reenquadram a televisão em normas legais perfeitamente claras logo no pós-guerra. A partir sensivelmente de 1948 dá-se a grande "explosão" popular da TV, já em janeiro de 1950 existem 97 estações de televisão em 36 cidades, havendo aproximadamente 4 milhões de televisores. A televisão a cores surgiu em 1954, na rede norte-americana NBC. Um ano antes o governo dos USA, aprovou o sistema de transmissão a cores proposto pela CBS. Na forma básica, a difusão de cor pode ser criada pela emissão combinada de três imagens monocromáticas, uma em cada banda de vermelho, verde e azul designado (RGB). Após pesquisas, o National Television System(s) Committee (NTSC), introduziu um sistema de codificação da informação da cor de forma separada do brilho, e reduziu a resolução da informação sobre cor para conservar a largura de banda. O sistema NTSC fornece 525 linhas e 29,97 fotogramas por segundo. O mês de novembro de 1956 marcou a transição, em termos televisivos, entre a época do directo e a do diferido. O primeiro equipamento de registo magnético de vídeo que viria a designar-se por videotape recorder (VTR), que operava com bobines expostas, foi inventado em 1956 na Ampex Corporation, nos USA. Equipamentos estes, de grandes dimensões, que operavam com as bobines expostas, dispondo de um operador, gradualmente foram sendo substituídos por sistemas com cartuchos, e então, na década de 70, o U-Matic (ou 3/4") e mais tarde outros formatos até ao Betacam, passaram a ser o padrões utilizados para produção e edição. Entretanto a França inaugura em 1957 as emissões de televisão a cores no sistema Séquentiel Couleur a Mémorie (SECAM), inventado e desenvolvido por um veterano da TV neste país, Henri de France. Apesar de introduzida nos Estados Unidos na década de 50, apenas alguns anos depois das emissões a preto e branco estarem padronizadas, os altos preços dos televisores e a falta de material para aproveitar a nova tecnologia, fizeram demorar a sua aceitação no mercado. Só em finais da década de 60, é que os televisores a cores se começaram a impor no mercado, sobretudo devido ao designado sistema Porta-Color da General Electric em 1966. Na década seguinte os televisores a cores tornaram-se os mais comuns, tendo havido a padronização do sistema.
Aspectos de trabalhos de televisão em estúdio nos USA no inicio dos anos 50 (arq. priv.)
Régie de controle de estúdio de televisão nos USA no inicio dos anos 50 (arq. priv.)
Receptor de televisão do inicio dos anos 50 (col.priv.)
Publicidade do inicio dos anos 50 à TV da NBC a cores
(col. priv.)
Primitiva câmara de televisão a cores RCA do inicio dos anos 50
(col. priv.)
Operador de imagem com câmara de TV a cores nos anos 50
(arq. TAMIS MacClung Hitorical collection)
Captação de imagens a cores por câmara da NBC nos anos 50 (arq. NBC)
Modelo de primeiro receptor de televisão a cores dos anos 50 ( col. priv.)
Mira técnica de TV a cores dos anos 50 (arq. pess.)
Novo modelo de câmara de TV com lente especial zoom
de 1955 ( col. National Media Museum )
Modelo de receptor de televisão Philco's Predicta de 1958 (col.priv.)
Primeiro gravador de videotape e equipa de estudo da Ampex em 1955
(arq. priv.)
Operador de videotape manuseando a fita magnética
em finais dos anos 50 (arq. priv.)
Receptor de TV a cores Philco de finais dos anos 50 (col. priv.)
O aparecimento da Televisão Pública em Portugal foi em dezembro de 1955, onde é fundada sob o controle estatal, a Rádio Televisão Portuguesa (RTP), após a criação de uma comissão de estudo e execução de projecto (possivelmente a sucessão de estudos foi extensa), com o objectivo de exploração exclusiva de emissão de televisão em Portugal. Foi, inclusive, o grande impulsionador do projecto Marcello Caetano (1906 - 1980), na altura Ministro da Presidência de Salazar, tendo visto no fenómeno da televisão um poderoso veículo de propaganda política e um instrumento de enquadramento da população. Considerado como o fundador da RTP. Em setembro de 1956 começam a ser realizadas as primeiras emissões experimentais, a partir do recinto da Feira Popular de Lisboa no Parque de Santa Gertrudes em Palhavã (onde hoje se encontra o Fundação Calouste Gulbenkian), para o efeito foi construído um pavilhão constituído por dois corpos para albergar, o pequeno emissor de 0,1 kw RCA, ligado a uma antena alçada em estrutura metálica tubular, telecinemas, controlos de estúdio e emissão e no centro principal do edifício um estúdio com régie, equipados pela RCA e PHILIPS/Fernseh, assim como salas de apoio à produção. Jornais influentes na época, como "O Século", noticiam esse evento, tido como um acontecimento histórico. Coube ao locutor da então Emissora Nacional (EN), Raul Feio apresentar esse evento a 4 de setembro de 1956, por volta das 21h 30. Pela primeira vez na história, dentro da "caixinha mágica" que ainda muito poucos tinham em casa, num dia histórico para o nosso país. Seguiram-se os primeiros programas e um dos primeiros sorrisos femininos Maria Armanda Falcão (1917 - 1996), como locutora de continuidade. As pessoas que estavam na Feira Popular procuravam com grande entusiasmo os receptores e o pavilhão da RTP, onde estava montado um estúdio separado por vidros de modo a que se podia assistir aos trabalhos dos técnicos, apresentadores e actores. Também em outros pontos do país as pessoas procuravam locais para assistir aquele fenómeno novo em Portugal, um dia que ficou marcado como "um dos maiores acontecimentos do século em Portugal".
Na época desses primeiros ensaios da televisão na Palhavã, um receptor custava entre 5900 e 7800 escudos, oito ou nove meses de um salário de um trabalhador não qualificado.
Publicidade alusiva ao início da televisão em Portugal no ano de 1956
(col. priv.)
Feira Popular de Lisboa (arq. RTP)
A núncio de jornal alusivo ao início das emissões da RTP, publico no recinto da Feira Popular (arq.RTP)
Público junto ao pavilhão da RTP
na Feira Popular (arq. RTP)
Câmaras e ambiente de estúdio na Feira Popular com o publico
assistindo do exterior (arq. RTP)
Maria Armanda Falcão (Vera Lagoa), uma das primeiras locutoras
da RTP na Feira Popular (arq. RTP
Actuação na emissão experimental da RTP na Feira Popular (arq. RTP)
Separadores da RTP, de avaria técnica (arq. RTP)
Jorge Alves entrega um prémio no primeiro concurso da RTP,
intitulado "Veja se Adivinha" (arq. RTP)
(arq, RTP)
Público na esplanada junto ao pavilhão da RTP na Feira Popular
(arq. RTP)
Primitiva mira técnica da RTP (arq. RTP)
Noticia alusiva as emissões da RTP no Diário Ilustrado de 1956 (arq. priv.)
A estação passa então a emitir com regularidade em 7 de março de 1957 (com cinco meses de atraso em relação à Espanha), que hoje conhecemos vulgarmente como o dia em que, oficialmente nasceu a RTP (faz precisamente 58 anos). Tudo acontece a partir dos estúdios improvisados na Alameda das Linhas de Torres 44 no Lumiar, em Lisboa, onde funcionara, em tempos, um estúdio cinematográfico. Após a marcha de abertura da RTP, é a locutora Maria Helena Varela Santos que às 21h 30, abre o programa com o nervosismo compreensível de uma primeira vez. Todos os programas em estúdio eram transmitidos em directo, com os típicos e naturais incidentes decorrentes da falha de algum equipamento, bem como a falta de preparo de alguns apresentadores. Afinal tudo era novo para nós. As câmaras da RTP dos anos 50 da marca PHILIPS/Fernseh, eram equipadas com tubos orticon, tendo os mesmo existido até finais da década de 70. Passando a dispor de carros de exteriores equipados com câmaras e régie. Programas, figuras de destaque e de grande êxito passaram pela RTP, quer da cultura, passado pelo desporto e a música. Nessa altura é coberta uma área onde vivia aproximadamente 60% da população no Continente, passa a dispor de um emissor mais potente de 100 kw, fornecido pela Siemens & Halske, instalado de início provisoriamente nas instalações da Central Transmissora Naval de Monsanto, passando mais tarde para as instalações definitivas também em Monsanto. Esses valores iniciais foram progressivamente aumentando até ter uma taxa de cobertura bastante expressiva, sendo residual até ao "apagão" do sinal analógico, os habitantes que não conseguiam aceder, por estar em áreas consideradas remotas. Inicialmente a RTP emitia a preto e branco, e tinha autorização para a comercialização do espaço publicitário, a venda, o aluguer e ainda a reparação de receptores, portanto um verdadeiro monopólio. Entretanto os preços dos receptores em Portugal descem, as vendas disparam e até finais de 1958 haviam já cerca de 32 mil receptores de televisão, oito vezes acima da previsão inicial. Não obstante esta falta de competitividade, foi ainda criada uma taxa de forma a custear as necessidades da empresa, taxa essa aplicada a todos os que tivessem um aparelho de TV . Em 1959 cria-se o Telejornal, ao mesmo tempo que são abertos os estúdios no norte, em Vila Nova de Gaia. É entretanto nomeado o Engº Camilo Mendonça como primeiro presidente da RTP e Domingos Mascarenhas, como director de programas. Gradualmente o fenómeno da televisão foi ocupando o seu espaço junto dos lares dos portugueses, como aconteceu no resto do mundo. Devido ao reduzido número de receptores de TV à época em Portugal, alguns particulares chegavam a cobrar 1$00 a cada vizinho, para assistir ás emissões da RTP, ajudando assim a pagar a prestação do aparelho. A televisão portuguesa tinha mais regras do que as outras televisões estrangeiras, porque nessa altura, Portugal estava ainda "mergulhado" no regime da ditadura imposta pelo Estado Novo e a televisão, tal como todos os outros meios de comunicação social nessa altura em Portugal, estava sob o controlo da censura. A queda da ditadura portuguesa a 25 de abril de 1974, gerou uma forte recessão da censura e consequentemente uma maior liberdade e expressão de pensamento.
Mira técnica da RTP de final dos anos 50 (arq. RTP)
Aspectos do edifício dos estúdios do Lumiar em finais dos anos 50
(arq. RTP)
Câmaras da RTP do início dos anos 60 (arq. RTP)
Aspecto do estúdio do Lumiar durante um programa musical no inicio dos anos 60 (arq, priv.)
Câmara da RTP dos anos 50 da marca alemã Fernseh (col. museu RTP)
Revista informativa de 1957 sobre a televisão (arq. pess.)
Poeta João Villaret no seu programa da RTP (arq. RTP)
Presidente do Conselho António de Oliveira Salazar falando ao país
em junho de 1958 (arq. RTP)
Separador usado na RTP, de avaria técnica (arq. RTP)
Genérico do Telejornal da RTP de 1959 e seus apresentadores (arq. RTP)
Programa de Lopes Ribeiro e António Melo, "Museu do Cinema"
(arq. RTP)
Figuras marcantes do início da RTP (arq. RTP)
Júlio Isidro apresentando o programa sobre aeromodelismo (arq, RTP)
Carros de exteriores da RTP e unidade de controle de câmaras (arq. RTP)
Transmissão em directo das Marchas Populares de Lisboa da Av. da Liberdade
em meados dos anos 60 (arq. RTP)
Torre emissora da RTP em Monsanto-Lisboa, final dos anos 50 (arq. RTP)
Emissor de Monsanto da RTP do 1º canal (arq. RTP)
Instalações da RTP Porto, Monte da Virgem-Vila Nova de Gaia, principio dos anos 60 (arq. RTP)
Primeira sede da RTP em S. Domingos á Lapa-Lisboa (arq. RTP)
Publicações da época alusivas a figuras carismáticas da RTP (arq. pess.)
Receptor de televisão do inicio dos anos 60 (col. priv.)
Perante a necessidade de transmitir o sinal de televisão a longas distâncias, de modo a possibilitar a cobertura total em condições técnicas iguais para qualquer ponto da recepção, faz com que se desenvolva outro tipo de tecnologia para o efeito. Nasceu, assim, a era dos satélites. Em termos televisivos, e experiência espacial arrancou com o satélite Echo I, que se limitaria a reflectir as ondas de rádio enviadas de um ponto da superfície terrestre para outro. Mas seria o satélite Telstar, que foi lançado nos USA a 10 de junho de 1962, tendo como objectivo o estabelecimento da ligação entre a América e a Europa. Muitos outros satélites foram desenvolvidos por vários países e lançados para o espaço com o objectivo de melhorar as condições de transmissão de sinais de televisão para todo o globo terrestre. Com a evolução da tecnologia da televisão, também a RTP durante os anos 60 se vai equipando com nova tecnologia, como a videotape, em meados de 1964, modelo a válvulas, um Ampex VR 1000, assim como novas câmaras, com tubos de captação de imagem da EMI, designados de vidicom e da marca PHILIPS, equipadas com plumbicom, cujas reduzidas dimensões as tornavam mais portáteis. É também em 1964 que a RTP passa a participar no então "Concurso da Eurovisão da Canção" com a canção "Oração" interpretada por António Calvário, ficando assim ligado à rede da Eurovisão. Este fenómeno do "Festival da Canção", como passou a ser popularmente designado, passa a fazer parte dos hábitos dos portugueses, sendo para muitos considerado um dia especial de festividade. É também em 31 de dezembro de 1964 que se iniciam as emissões oficiais da TV Educativa, designada Telescola, passando no ano seguinte a ser emitido dos estúdios de Vila Nova de Gaia. Surge no Natal de 1968 o 2º canal da RTP e a partir de meados de 1970 iniciam-se as emissões da hora do almoço. Nas respectivas regiões autónomas a RTP Madeira, em agosto de 1972 e a RTP Açores em agosto de 1975.
Satélite Telstar, que foi lançado nos USA a 10 de junho de 1962 (arq. priv.)
Operador de imagem da BBC no inicio dos anos 60 (arq. BBC)
Satélite Telstar, que foi lançado nos USA a 10 de junho de 1962 (arq. priv.)
Operador de imagem da BBC no inicio dos anos 60 (arq. BBC)
Programa musical em canal norte americano no início dos anos 60
(arq. priv.)
Gina Lollobrigida em 1963 assistindo em Itália a transmissão dos USA (arq Jim Pringle AP Photo)
Câmaras da RTP dos anos 50 e finais dos anos 60 (col. museu RTP)
Genérico de abertura da RTP (arq. RTP)
Operador de videotape na RTP (arq, RTP)
O cançonetista António Calvário na sua apresentação no
Festival da Canção RTP de 1964 (arq, RTP)
Publicação Rádio & Televisão, nº 395, 28 de março de 1964 alusiva ao Festival Eurovisão da Canção (arq. pess.)
Aula em estúdio da Telescola e alunos assistindo (arq.priv.)
Mira técnica de finais dos anos 60 (arq. RTP)
Na Alemanha surge o sistema de televisão designado (PAL), sigla em inglês de Phase Alternating Line, cuja tradução significa (Linha de Fase Alternante), é uma forma de codificação da cor usada nos sistemas de transmissão televisiva. Adoptado por boa parte do mundo, excepto na maior parte das Américas, alguns países Asiáticos (que ainda usam o NTSC), partes do Médio Oriente, Europa de Leste e França (que usam o sistema SECAM, apesar de a maioria deles estarem em processo de adopção do PAL). O sistema PAL foi desenvolvido na Alemanha em 1962 por Walter Bruch (1908-1990), que trabalhara na empresa Telefunken, sendo apresentado em 1963 e introduzido em agosto de 1967. Em Portugal a introdução da televisão a cores foi lenta, acabando por ser adoptado o sistema alemão PAL. Em 1976, acontecem as primeiras emissões experimentais da RTP a cores das eleições legislativas, presidenciais e autárquicas. Para além destes eventos existiam mais testes durante alguma horas do dia, utilizando os sistemas PAL e SECAM. Já em 1979 as emissões a cores são autorizadas e politicamente a partir de março de 1980. Por obrigatoriedade europeia, os "Jogos Sem Fronteiras", são o primeiro programa que a RTP transmite a cores, antecipando assim a "estreia oficial" que seria no aniversário da RTP do ano seguinte a 7 de março de 1980, (á precisamente 35 anos). A RTP começa a emitir a cores, havendo ainda poucas casas com receptores de televisão que permitissem assistir a essa inovação. Com uma transmissão em directo do Teatro Municipal de S. Luíz, da finalíssima do Festival RTP da Canção em que é assinalada, com alguma solenidade, esse momento importante para a RTP. Também para esta nova fase, a RTP foi dotada de novos e modernos equipamentos da marca alemã Bosch, que fornece também câmaras equipadas com tubos designados de plumbicon, sendo já os blocos de processamento constituídos por circuitos integrados. Seguiram-se também as denominadas VTP’s (Video Tapes Portáteis) internacionalmente designadas Electronic News Gathering (ENG), que passam a dotar as equipas de reportagem. Arranca também, neste fervilhar tecnológico, o novo complexo de emissão que a RTP instalou no seu edifício sede, na Avenida 5 de Outubro em Lisboa, em 1986. Novas câmaras, mesas de mistura, videotapes, telecinemas e um elevado número de outros equipamentos para uma emissão que exigia qualidade e tecnologicamente avançada para a época. Acontecimentos vários e novos rostos, vão marcando estes anos de emissão da RTP.
Modelo de câmara de televisão a cores de finais dos anos 60 (col. Marcels TV Museum)
Modelo de receptor de televisão a cores de finais dos anos 60 (col. priv.)
Miras técnicas de televisão a cores
Válvulas plumbicon RGB de captação de imagem para televisão a cores
(col. Marcels TV Museum)
Operador de imagem com equipamento portátil
de transmissão, meados dos anos 80 (col. priv.)
Câmara de TV a cores Bosch dos anos 80 e respectivo equipamento
(arq. priv.)
Primeiro Festival da Canção RTP a cores a 7 de março de 1980
(arq. RTP)
Câmara de televisão Bosch a cores, de estúdio, idêntica às usadas na RTP nos anos 80
(col. National Museum of Singapore)
Câmara de televisão portátil do início dos anos 80 (col. priv.)
Repórter de imagem ENG da RTP (arq. priv.)
Exterior das novas instalações da RTP na Av. 5 de Outubro
em Lisboa (arq. RTP)
Moderna régie das novas instalações da RTP na Av. 5 de Outubro em Lisboa (arq, RTP)
Câmara de estúdio em pedestal de comando remoto com
teleponto na RTP na Av. 5 de Outubro em Lisboa (arq. RTP)
Receptor de televisão a cores dos anos 80 (col. priv.)
Países aderentes aos diversos sistemas de televisão a cores
Com o evoluir da tecnologia, surgem, fundamentalmente, dois tipos de dispositivos sensores transdutores de captação de imagem para as câmaras de TV, já em meados dos anos 90, ambos do estado sólido, concretamente os Charge-Coupled Device (CCD) ou seja, dispositivo de carga ligada, acoplada ou associada e os Complementary Metal Oxide Semiconductor (C-MOS). Também a televisão em Portugal acompanha esta evolução e a RTP equipa as suas instalações de novo material dispondo desta tecnologia. Contudo, a evolução tecnológica, em ambos os tipos, tem dado, nos últimos tempos, alguma vantagem aos C-MOS, apresentando-se, mais abaixo, as diferenças determinantes entre ambos. Este tipo de transdutores é de elevada qualidade, razão pela qual as últimas gerações de câmaras a eles têm recorrido pelo baixo custo. Também dentro da inovação tecnológica chegam aos receptores de TV, surge então o ecrã de plasma, este é um dispositivo baseado na tecnologia de painéis de plasma Plasma Display Panel (PDP), que foi aprimorada na última década para o mercado da televisão de alta definição High Definition Television (HDTV). O funcionamento baseia-se na ionização de gases nobres (plasma) contidos em minúsculas células revestidas por fósforo. Com a queda de preço dos semicondutores (Lei de Moore) os receptores CRTs, derivado da expressão inglesa Cathode Ray Tube, dominaram o mercado até o final dos anos 90, data a partir da qual se começaram a comercializar receptores de TV com esta tecnologia. Surge mais tarde um display de cristal líquido, do inglês, Liquid Crystal Display (LCD), constituído por um painel fino usado para exibir informações por via electrónica, como texto, imagens e vídeo. Já na actualidade para além de sobreviverem quase todos estes sistemas de receptores de TV surge também no mercado a tecnologia (LED), do inglês Light Emitting Diode. A LED TV, é um televisor que usa vários diodos emissores de luz LED's por trás de um painel LCD. Proporciona melhor contraste de imagem que a LCD, além de maior economia de energia, permite ainda a redução da espessura da TV, por dispensar a lâmpada. Em 1997, a Fujitsu introduziu o primeiro televisor de plasma 42 polegadas. Este tinha resolução de 852x480 (EDTV), varredura progressiva e custava US$ 14.999 à sua estreia
Bloco de CCD's de câmara de televisão actual (foto do fabricante)
Câmara portátil ENG com tecnologia CCD de meados dos anos 90 (foto do fabricante)
Câmara de televisão de estúdio, com tecnologia CCD final dos anos 90 (col. priv.)
Sede da RTP na Av. 5 de Outubro em Lisboa, finais dos anos 90 (arq. RTP)
Redacção de informação da RTP no edifício sede da 5 de Outubro em Lisboa (arq. priv.)
Operador de imagem em estúdio da RTP, início da década de 2000
(foto Mário Nogueira)
Estúdio e operador de imagem da RTP no edifício sede da Av. 5 de Outubro, em Lisboa
inicio da década de 2000
(foto Mário Nogueira)
Receptor de televisão plasma sistema HDTV (foto do fabricante)
Receptor de televisão LCD (foto do fabricante)
Receptor de televisão LED (foto do fabricante)
A RTP Internacional, chega em fevereiro de 1992, que passa a emissão regular a partir de 10 de junho desse ano. Nascem também os canais privados em Portugal: a SIC (Sociedade Independente de Comunicação), a 6 de outubro de 1992, como canal generalista pertencendo a Empresa SGPS, SA e a TVI (Televisão Independente) em outubro de 1993. Canal generalista, esta inicia as emissões experimentais a 20 de fevereiro desse ano. Nesta altura, a TVI chama-se "4", por ser a 4ª rede de TV em Portugal. Inicialmente controlado por empresas da Igreja Católica, actualmente administrada pelo grupo de comunicação social Média Capital. No mesmo ano, começa a emissão regular do som estéreo, introduzido pela TVI, seguido logo pela RTP; à SIC chega pouco depois.
Logótipos das estações de televisão em Portugal, a partir da década de 90
Chega a Portugal a televisão por cabo já em 1994. Nesse ano, é também a TVI, a 1ª televisão em Portugal a emitir alguns programas em ecrã panorâmico, o chamado 16:9, também conhecido por Palplus. A TVI abandona o sistema 16:9 em 1996. É recuperado em dezembro de 1997 pela RTP, que na mesma altura introduz também o Teletexto na sua emissão. Houve igualmente planos para introduzir canais locais/regionais. Chegou mesmo a nascer em 1997, a TV Oeiras na região de Lisboa, mas nunca chegou a emitir. No entanto com a expansão da TV por cabo e das empresas suas distribuidoras, surgem novos canais de televisão privados regionais e temáticos, uns com sucesso que se mantiveram, outros de vida efémera. Em 7 de janeiro de 1998 surge a RTP África e 5 de janeiro de 2004, a RTP2 deu lugar a um novo canal denominado 2:. Ainda em 2004, é criado o canal noticioso da RTP, a RTPN, é também criado o canal dedicado aos programas que fizeram história na RTP, a RTP Memória. Em 2007, a RTP comemora os seus 50 anos de emissões em Portugal, inaugurando o novo complexo de estúdios em Chelas, junto às instalações da RTP e RDP inauguradas em 2004. Este complexo possui meios técnicos actuais e modernos prontos para o arranque da emissão da TDT (Televisão Digital Terrestre). O complexo tem 4 estúdios de 800, 400, 200 e 100 metros quadrados devidamente equipados. É também adquirido um enorme carro de exteriores totalmente equipado para emissão em HDTV. Igualmente, em 2007, a Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, SA, é transformada em Rádio e Televisão de Portugal, SA. São incorporadas nesta, a Radiodifusão Portuguesa, SA; Radiotelevisão Portuguesa - Serviço Público de Televisão, SA e Radiotelevisão Portuguesa - Meios de Produção, SA.
Diagrama do funcionamento da TV por cabo (arq. priv.)
Instalações da nova sede da RTP em Chelas inauguradas em 2007 (arq. priv.)
Aspectos dos novos estúdios e equipamento da era digital, da RTP (arq. priv.)
Moderna régie da RTP (arq. priv.)
Estúdio de informação da RTP (arq. priv.)
PARABÉNS RTP
A televisão digital é testada em 1998 e tentou-se introduzir em 2002 e 2003 sem sucesso. Chegam finalmente no Outono de 2008 as emissões experimentais, que passa a emissão regular na Primavera de 2009, com os mesmos 4 canais nacionais. A Digital Television ou Televisão Digital (DTV) representa transmissão de áudio e de vídeo através de sinal digital, processado e multiplexado em contraste com os sinais analógicos e separados dos canais utilizados por TV analógica, serviço inovador que representa evolução significativa na tecnologia de televisão desde o sistema a cores na década de 1950. Muitos países estão a substituir a transmissão de televisão analógica por televisão digital, para permitir outros usos da TV no espectro radioeléctrico. A televisão digital suporta mais formatos de imagem diferentes, definidos por sistemas de transmissão de televisão, que são a combinação em tamanho e relação de aspecto (relação largura altura). Com a televisão digital terrestre (TVD) a gama de formatos é dividido. A categoria de televisão de alta definição HDTV, serve para a transmissão de vídeo de alta definição padrão (SDTV). Em Portugal, a rede analógica foi desligada no dia 26 de abril de 2012. A situação da Televisão Digital em Portugal está empatada. Com a possível privatização da RTP e outros factores, o lançamento da TDT foi um esforço inútil devido à falta de conteúdo que aproveite o sinal digital, como exemplo o facto de pouco conteúdo no formato 16:9 e muito pouca em alta definição HDTV. Com a existência de apenas um canal em HDTV (Canal 6) as transmissoras não chegam a um consenso e o canal permanece a preto. Na televisão digital de alta definição, chega-se a 1080 linhas com o padrão HDTV. O HDTV, com experiências aqui e ali, a adopção definitiva do formato de imagem 16:9 PAL Plus e o abandono do tradicional formato 4:3, foram os últimos passos dados no campo da inovação tecnológica. Contudo, o futuro espreita, sendo o 3D, o 4K (4 vezes o HDTV), o 8K (16 vezes HDTV ou melhor, uma qualidade oitenta vezes superior ao que temos agora), a Televisão Táctil e a Televisão Holográfica, entre outros sistemas, serão os próximos passos esperados para o usufruto por parte dos cinco sentidos do espectáculo televisivo no máximo do seu expoente.
Nova era da televisão digital (arq. priv.)
Câmaras de televisão HDTV de última geração (fotos dos fabricantes)
Exemplos de tecnologia televisiva da actualidade e futuro (fotos dos fabricantes)
Os cientistas Adriano de Paiva, Nipkow, Lazare Weiller, John Baird, Philo Taylor Farnsworth, Zworykin e muitos outros, estavam longe de pensar no avanço de televisão em termos tecnológicos, tal como a conhecemos hoje. Com toda esta evolução a nível mundial, influências e hábitos transmitidos, o fenómeno televisão, foi encarada como "a caixa que mudou o mundo", e não foi em vão que lhe foi atribuída tal frase, de facto a televisão revolucionou mesmo em vários aspectos o nosso mundo, e sem dúvida deve-se a ela, o mundo que conhecemos. A televisão tornou-se rapidamente um meio privilegiado de entretenimento e informação de fácil acesso a todas as pessoas, tendo-se transformado na mais poderosa manifestação de massificação cultural, padronização de comportamentos e uma arma eficaz para os publicitários que faziam deste meio um instrumento de incentivo ao consumo. Porém, a televisão, pode gerar opiniões favoráveis e desfavoráveis sobre algo ou alguém ou participar em campanhas de favorecimento ou desfavorecimento de grupos económicos e personalidades, podendo também contribuir para a modificação e criação de novos hábitos culturais, consoante os formatos de que as estações, perante a guerra de audiências, nos apresentam, influenciando assim as tendências dos nossos mais variados gostos. A televisão alterou a forma como víamos o mundo e deu-nos a conhecer realidades que sem ela não seria possível conhecer, por isso podemos concluir que a televisão foi é e será indispensável para nós.
Texto:
Paulo Nogueira
Paulo Nogueira
Fontes e bibliografia:
"Color Television Success in Test", The New York Times, August 30, 1940, p. 21
"News of TV and Radio", New York Times, June 20, 1954, p. X11
ALBERT, Abramson, The History of Television, 1942 to 2000, McFarland, 2003, p. 74
CÁDIMA, Francisco Rui: Salazar, Caetano e a televisão portuguesa, Presença, Lisboa, 1996
BARNOUW, Erik: Tube of Plenty: The Evolution of American Television, Oxford University Press 1992
2007: No 4 º trimestre de 2007, pela primeira vez a venda de televisores LCD superou a de CRT em nível mundial. Em 17 de março a companhia italiana Technovision lança luXio, a maior TV LCD do mundo, com 205", superando assim as TVs da Samsung, de 84"; da Panasonic, de 103"; da Sharp, de 108"; e recentemente da veterana Panasonic com 150"
LUZ, Paulo A Máquina que Mudou o Mundo in Paradigital publicação on line
HENRIQUES, Carlos Alberto, Segredos da TV, fevereiro de 1994, 1º edição, TV Guia Editora
CÁDIMA, Francisco Rui: Salazar, Caetano e a televisão portuguesa, Presença, Lisboa, 1996
BARNOUW, Erik: Tube of Plenty: The Evolution of American Television, Oxford University Press 1992
2007: No 4 º trimestre de 2007, pela primeira vez a venda de televisores LCD superou a de CRT em nível mundial. Em 17 de março a companhia italiana Technovision lança luXio, a maior TV LCD do mundo, com 205", superando assim as TVs da Samsung, de 84"; da Panasonic, de 103"; da Sharp, de 108"; e recentemente da veterana Panasonic com 150"
LUZ, Paulo A Máquina que Mudou o Mundo in Paradigital publicação on line
HENRIQUES, Carlos Alberto, Segredos da TV, fevereiro de 1994, 1º edição, TV Guia Editora
TEVES, Vasco Hogan, História da Televisão em Portugal 1955/1979, março de 1998, TV Guia Editora
Execelente artigo!Sou apaixonado por essa "máquina" chamada Televisão!Tenho fascínio pelos televisores preto e branco antigos, dos anos 50 e 60. Já restaurei algumas dezenas de televisores dessa época, e isso me trouxe muitas alegrias e recordações, pois nasci nos anos 50, em plena era da TV, e desde tenra idade sempre tive acesso à essa maravilha.
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu comentário. De facto a televisão é um mundo fascinante, tanto no que respeita à sua arte nas diversas vertentes, como todo o historial da evolução tecnológica. Sempre interessante manter e restaurar, se possível, alguns desses equipamentos de TV e fizeram história.
EliminarExcelente material!
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu comentário. Seja sempre bem vindo.
EliminarParabéns pelo excelente artigo! Ando a tentar descobrir o título original de um documentário que passou na RTP (creio que no início dos anos 90) sobre a história da televisão chamado "A caixa que mudou o mundo". Penso que seria da BBC e o site da RTP indica como ano de produção 1984. Lembra-se disto? Obrigado!
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu comentário. De facto lembro-me perfeitamente dessa série, que se não estou em erro repetiu na RTP tempos depois da primeira exibição, foi essa série que me inspirou a escrever e dar o titulo a este artigo, pois encaixa-se na perfeição para descrever este fenómeno da televisão.
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