"Uma imagem vale mais que mil palavras"
Confúcio
Desde que a humanidade conseguiu retratar através de imagens nos mais diversos suportes, os momentos históricos quer de guerras, dramas sociais, conquistas e até as situações mais bizarras da vida, estavam por si só a criar a base de dados com os registos e as provas concretas da sua própria história para as gerações vindouras e a posteridade. Com isto surge o poder da imagem. Processo esse que se valorizou cada mais até à actualidade, com o objectivo de manter essa base de dados, sempre actualizada a cada acontecimento e dia que passa.
Momento após o a assinatura do Armistício do fim da Primeira Grande Guerra Mundial em 11 de novembro de 1918, há precisamente 100 anos, entre os Aliados e a Alemanha, dentro de uma carruagem-restaurante, a nº 2419 D da CIWL (Compagnie Internationale des Wagons-Lits), na floresta de Compiègne. Teve por objectivo este armistício encerrar as hostilidades na frente ocidental da Primeira Grande Guerra Mundial. Os principais signatários foram o Marechal Ferdinand Foch (1851 - 1929), comandante-em-chefe das forças da Tríplice Entente, e Matthias Erzberger (1875 - 1921), o representante alemão. Estiveram ainda presentes neste acto o Almirante Sir R. Wemyss, o General Weygand, o Contra-Almirante G. Hope, o Capitão Marriott, o General Desticker, o Capitão de Mierry, o Comandante Riedinger e o Oficial-interprete Laperche. Apesar do armistício ter acabado com as hostilidades na frente ocidental, foi necessário prolongar o armistício três vezes até que as negociações do Tratado de Versalhes fossem concluídas e formalizadas no dia 10 de janeiro de 1920. Rumores de que uma delegação alemã estava em território francês rapidamente se espalharam, com esperanças de que o fim da guerra estava próximo. No dia 7 de novembro de 1918, o jornal americano San Diego Sun declara que a guerra teria terminado, com um erro gramatical na manchete do jornal: "Peace. Fightnig ends", ao invés de, "Peace. Fighting ends". O Armistício de Compiègne foi anunciado por Ferdinand Foch, acompanhado pelo primeiro ministro Georges Clémenceau (1841 - 1929) e um representante britânico, Ferdinand Foch declara que: "As hostilidades irão cessar em todo o fronte a partir do dia 11 de novembro, às 11 horas. Tropas aliadas não irão, até que recebam novas instruções, avançar em território inimigo após esta data." A paz seria formalizada com o Tratado de Versalhes, assinada no dia 28 de junho de 1919 e ratificada pela Liga das Nações no dia 10 de janeiro de 1920.
Esta foto de forte impacto, da fotógrafa norte americana Dorothea Lange (1895 - 1965), denominada "Migrant Mother" ou "Mãe Migrante", é uma das fotos mais famosas que retrata a designada Grande Depressão da década de 1930, mostrando Florence Owens Thompson, mãe de sete crianças, de 32 anos de idade, em Nipono, Califórnia, março de 1936, em busca de um emprego ou de ajuda social para sustentar a sua família. O seu marido tinha perdido o emprego em 1931, e morrera no mesmo ano. A designada Grande Depressão, também conhecida como Crise de 1929, foi uma grande depressão económica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão económica do século XX. Este período de depressão económica causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países, bem como quedas drásticas na produção industrial, preços de acções, e em praticamente todo o medidor de actividade económica, em diversos países no mundo. Muitas imagens retrataram este período mas esta da "Mãe Migrante" marcou definitivamente um período negro dos Estados Unidos e do mundo no século XX e foi uma das mais reproduzidas da história da fotografia, tendo aparecido em mais de dez mil publicações. Numa entrevista em dezembro de 2008, a filha da senhora Florence Owens Thompson, Katherine, disse , que "a fama da foto fez a família sentir vergonha e determinação a nunca mais ficar tão pobre assim". Florence Owens Thompson foi hospitalizada e a sua família apelou por uma ajuda financeira no final de agosto de 1983, em setembro, a família havia coletado cerca 25.000 dólares em doações para pagar a assistência médica, mas Florence Owens Thompson acabou por falecer de doença oncológica e complicações cardíacas em Scotts Valley, Califórnia em 16 de setembro de 1983. Foi sepultada ao lado de seu marido George, em Lakewood Memorial Park, em Hughson, Califórnia, no seu túmulo lê-se: FLORENCE OWENS THOMPSON MIGRANT MOTHER – A Legend of the Strength of American Motherhood (um ícone da força da maternidade americana).
Hans-Georg Henke, o soldado menino, pode ser considerado a imagem dessa face cruel da guerra que levou inúmeras crianças e adolescentes à frente de batalha lutando numa guerra de adultos. Em todas as fotos, tiradas quando Hans-Georg Henke foi capturado pelos soldados soviéticos, é mostrada apenas uma criança assustada, desesperada, sem rumo no meio do caos e dos bombardeamentos advindos das tropas inimigas. Hans-Georg Henke caíra em lágrimas quando percebeu que o seu mundo havia ruído assim como tudo à sua volta estava desmoronando e o seu país não era mais o mesmo. Quando entrou para a Luftwaffe, Hans-Georg Henke tinha apenas 14 anos. O menino não se alistara porque gostava da guerra, mas pelo facto de precisar sobreviver. O seu pai morrera em 1938, a sua mãe em 1944 e, posteriormente, ele separara-se dos irmãos, ficando sozinho num país em guerra. Ele entrou para o esquadrão anti-aéreo alemão para se sustentar e quando o conflito acabou, o menino, já com 15 anos teve que andar cerca de 96 km, tentando alcançar as linhas americanas, pois tinha medo de ser capturado pelos soviéticos. Por fim, o seu medo concretizou-se em 3 de abril de 1945, quando foi capturado por tropas soviéticas. No momento da captura, diversas fotografias foram tiradas pelo fotógrafo John Florea (1916 - 2000), transformando o semblante de Hans-Georg Henke conhecido como um dos símbolos das dificuldades proporcionadas pela guerra. Após o fim do conflito e já capturado, os soviéticos alimentaram o menino e outros soldados que estavam com ele e depois ordenaram que todos fossem para as suas casas. Hans-Georg Henke voltou para a sua cidade natal em Finsterwalde, onde se reencontrou com os dois irmãos e iniciou uma nova vida. Faleceu em 6 de outubro de 1997, após ter tido uma vida plena. Apesar dos anos que passaram e deixaram para trás a realidade cruel que vitimou crianças e adolescentes na guerra, as fotos do menino de 15 anos eternizaram para sempre o semblante de uma criança soldado combatente na Segunda Guerra Mundial.
Uma imagem marcante, entre os vários registos fotográficos do designado Grande Nevoeiro de 1952, conhecido também como "Big Smoke" ou "Great Smog", foi um período de severa poluição atmosférica, entre os dias 5 e 9 de dezembro de 1952 que cobriu a cidade de Londres. Em dezembro de 1952, uma frente fria chegou a Londres e fez com que as pessoas queimassem mais carvão que o usual no inverno para o aquecimento. O aumento na poluição do ar foi agravado por uma inversão térmica, causada pela densa massa de ar frio. O nevoeiro resultante, uma mistura de névoa natural com muito fumo negro, tornou-se muito denso, chegando a impossibilitar o trânsito de automóveis nas ruas. Muitas sessões de filmes e concertos foram canceladas, uma vez que a plateia não podia ver o palco ou a tela, pois o fumo invadiu facilmente os ambientes fechados. O fenómeno foi considerado como um dos piores impactos ambientais até então, sendo causado pelo crescimento incontrolado da queima de combustíveis fósseis na indústria e nos transportes. Acredita-se que o nevoeiro tenha causado a morte de 12.000 londrinos, e deixado outros 100.000 doentes. O grande número de mortes deu um importante impulso aos movimentos ambientais, e levou a uma maior reflexão acerca da poluição do ar, pois este fumo demonstrou grande potencial letal. Então, novas regulamentações legais foram impostas, restringindo o uso de combustíveis poluentes na indústria e banindo o fumo negro por eles causado. Nos anos seguintes, uma série de normas legais como o "Clean Air Act 1956" e o "Clean Air Act 1968", restringiram a poluição do ar.
A foto do pequeno John Fitzgerald Kennedy Jr (1960 - 1999), mais conhecido por "John-John" quando nas cerimónias fúnebres do seu pai, o presidente norte - americano John Fitzgerald Kennedy (1917 - 1963), em 25 de novembro de 1963, deu um passo à frente e fez uma saudação final enquanto o caixão coberto por uma bandeira era levado para fora da Catedral de São Mateus Apóstolo, foi um momento que se tornou numa imagem icónica e memorável dos anos 60. Quando o cortejo passou, a mãe de "John-John", Jacqueline Kennedy (1929 - 1994), lhe sussurrou algo e o menino, de sobretudo e calção, de pé diante do tio Robert F. Kennedy (1925 - 1968), deu um pequeno passo à frente e ergueu a mão direita em saudação. O seu pai, o presidente norte - americano John Fitzgerald Kennedy, foi assassinado em 22 de novembro de 1963, e o funeral de estado foi realizado três dias depois, no dia do terceiro aniversário de John Jr. Apesar do sucedido, a família continuou com os seus planos para uma festa de aniversário do pequeno "John-John" para desta forma demonstrar que os Kennedy iriam continuar apesar da morte do presidente. O autor desta foto foi o fotógrafo Dan Farrell (1930 - 2015), nesse dia Sr. Farrell estava em missão em Washington para o New York Daily News, cobrindo o funeral do presidente John F. Kennedy. Posteriormente Dan Farrell disse ao jornal The News: "Foi a coisa mais triste que já vi em toda a minha vida", nesse dia ele estava a cerca de 50 metros da acção, tinha apenas dois segundos para tirar a foto com sua volumosa câmara Hasselblad 1000. Dan Farrell não foi o único fotógrafo que captou este momento, o fotógrafo Stan Stearns, da United Press International, e outros, tiraram fotos parecidas. Todas elas correram mundo e retrataram um momento emocionante num acontecimento histórico.
A foto do pequeno John Fitzgerald Kennedy Jr (1960 - 1999), mais conhecido por "John-John" quando nas cerimónias fúnebres do seu pai, o presidente norte - americano John Fitzgerald Kennedy (1917 - 1963), em 25 de novembro de 1963, deu um passo à frente e fez uma saudação final enquanto o caixão coberto por uma bandeira era levado para fora da Catedral de São Mateus Apóstolo, foi um momento que se tornou numa imagem icónica e memorável dos anos 60. Quando o cortejo passou, a mãe de "John-John", Jacqueline Kennedy (1929 - 1994), lhe sussurrou algo e o menino, de sobretudo e calção, de pé diante do tio Robert F. Kennedy (1925 - 1968), deu um pequeno passo à frente e ergueu a mão direita em saudação. O seu pai, o presidente norte - americano John Fitzgerald Kennedy, foi assassinado em 22 de novembro de 1963, e o funeral de estado foi realizado três dias depois, no dia do terceiro aniversário de John Jr. Apesar do sucedido, a família continuou com os seus planos para uma festa de aniversário do pequeno "John-John" para desta forma demonstrar que os Kennedy iriam continuar apesar da morte do presidente. O autor desta foto foi o fotógrafo Dan Farrell (1930 - 2015), nesse dia Sr. Farrell estava em missão em Washington para o New York Daily News, cobrindo o funeral do presidente John F. Kennedy. Posteriormente Dan Farrell disse ao jornal The News: "Foi a coisa mais triste que já vi em toda a minha vida", nesse dia ele estava a cerca de 50 metros da acção, tinha apenas dois segundos para tirar a foto com sua volumosa câmara Hasselblad 1000. Dan Farrell não foi o único fotógrafo que captou este momento, o fotógrafo Stan Stearns, da United Press International, e outros, tiraram fotos parecidas. Todas elas correram mundo e retrataram um momento emocionante num acontecimento histórico.
Uma, entre muitas, das mais tristes e terríveis imagens do incêndio florestal de Pedrógão Grande, que deflagrou a 17 de junho de 2017 no concelho de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, em Portugal, tendo alastrado aos concelhos vizinhos de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Ansião (distrito de Leiria); ao concelho da Sertã (distrito de Castelo Branco); ao concelho de Pampilhosa da Serra e de Penela (distrito de Coimbra). No mesmo dia deflagrou outro incêndio de grandes proporções no concelho de Góis, distrito de Coimbra, que acabou posteriormente por alastrar aos concelhos de Pampilhosa da Serra e de Arganil. No dia 20 de junho de 2017 uma das frentes de fogo do incêndio de Pedrógão Grande juntou-se ao incêndio de Góis, formando uma área ardida contígua. O desastre é considerado o maior incêndio florestal de sempre em Portugal, o mais mortífero da história do país e o 11.º mais mortífero a nível mundial desde 1900. No balanço oficial contabilizaram-se 66 mortos (65 civis e 1 bombeiro voluntário de Castanheira de Pera) e 254 feridos (241 civis, 12 bombeiros e 1 militar da Guarda Nacional Republicana), dos quais 7 em estado grave (4 bombeiros, 2 civis e 1 criança). Entre as vítimas mortais, 47 foram encontradas nas estradas do concelho de Pedrógão Grande, tendo 30 morrido nos automóveis e 17 nas suas imediações durante a fuga ao incêndio. Uma outra vítima, morreu na sequência de um atropelamento ao fugir do incêndio. O incêndio também arrasou dezenas de lugares das regiões afectadas. O número oficial foi de 64 mortos. Em termos de prejuízos materiais, foram contabilizadas mais de 500 casas de habitação parcial ou totalmente destruídas pelo fogo. Foram também afectadas 48 empresas com 372 postos de trabalho. A estimativa provisória do montante total de prejuízos ascende a 500 milhões de euros. No rescaldo do incêndio, a causa apontada pelas autoridades foram causas naturais, uma trovoada seca que, conjugada com temperaturas muito elevadas (superiores a 40 graus Celsius) e vento muito intenso e variável, que terá feito deflagrar e propagar rapidamente o fogo. No entanto, o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, acredita que este incêndio não teve origem em causas naturais já que, segundo a percepção de alguns habitantes de Pedrógão Grande, o fogo já estaria activo duas horas antes da altura em que ocorreu a trovoada seca nesta zona. A Procuradoria-Geral da República confirmou que o Ministério Público estava a investigar as causas do incêndio. Um relatório técnico independente publicado em outubro de 2017, aponta como causa da ignição o contacto entre a vegetação e uma linha eléctrica de média tensão da empresa Energias de Portugal, resultado da falta de limpeza da zona de protecção. Em 11 de junho de 2018 eram dez os arguidos, "todas pessoas singulares", no inquérito relacionado com os incêndios de Pedrógão Grande, de acordo com a Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra.
Texto:
Paulo Nogueira
Paulo Nogueira
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